Fórum dos Veteranos da Guerra do Ultramar
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Faleceu o veterano Aires Manuela Costa Amaral, Soldado Condutor Auto, da CCac274/BII18 - 11Nov2020

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Faleceu o veterano Aires Manuela Costa Amaral, Soldado Condutor Auto, da CCac274/BII18 - 11Nov2020 Empty Faleceu o veterano Aires Manuela Costa Amaral, Soldado Condutor Auto, da CCac274/BII18 - 11Nov2020

Mensagem por Pirada Sex 13 Nov 2020, 8:34 pm

Nota de óbito:

Faleceu, no dia 11Nov2020, o veterano Aires Manuela
Costa Amaral, Soldado Condutor Auto, residia na cidade
de Cambridge, na província de Ontário (Canadá).

Faleceu o veterano Aires Manuela Costa Amaral, Soldado Condutor Auto, da CCac274/BII18 - 11Nov2020 Aires_10

Serviu Portugal na Província Ultramarina da Guiné
integrado na CCac274/BII18, no período de 28Jan1962
a 17Jan1964.

Paz à sua Alma.

Elementos extraídos do facebook, no sítio dos "Antigos
Combatentes Açorianos.

Com a devida vénia, transcrevemos o texto da autoria de
José Câmara, no sítio https://www.facebook.com/groups/634100090035398/permalink/3265877250190989/

"Do nosso companheiro Zeca Amaral recebi a notícia que
se segue, uma sentida e bela homenagem a um amigo
que partiu. Para o Zeca, familiares e amigos o meu abraço
de solidariedade.

EM MEMÓRIA
Mais um camarada que jamais responderá às chamadas!
Radicado há muitos anos na cidade de Cambridge, no Ontário,
faleceu o soldado condutor auto #426 Aires Manuela Costa
Amaral, O Mata Sete, da CCaç 274/BII18., no dia 11 de Novembro.
Tinha 80 anos de idade. Não me perguntem o porquê do apelido,
pois nunca o soube, mas era assim conhecido, não só naquele
período militar, mas no decorrer dos tempos. Tal como o António
Rodrigues falecido no final do passado mês, este também comigo
esteve na escola de condução na Bataria.

Naquele tempo, entre nós havia aquela espécie de lei
“Um por todos e todos por um”, mas sempre
houve um que nos marcou mais a alma e lá ficou para
sempre. Nem a voracidade do tempo conseguirá apagar a
memória do Aires Amaral.
Foi isto o que aconteceu com o Camarada Aires numa memória
que virá a seguir.

A GMC, da qual era condutor o nosso MATA SETE, vai ter o
poder de me transportar nas asas do Tempo àquele dia cinco
de Maio de 1963, quando a coluna na qual se inseria o Aires
fora brutalmente atacada naquela zona que mais tarde foi
chamada de “Corredor da Morte”. Tinham ido a Tite, que se
distanciava um pouco mais de vinte quilómetros de Fulacunda,
o local onde se abastecia as tropas estacionadas naquele lado
do Rio Geba.

Capitão Figueira já tinha notícias e através do radiotelegrafista
da situação que atravessava os seus bem-amados “Coriscos”.
Que havia muitos feridos, mas até ao momento de nenhuma
baixa mortal tinha conhecimento. O entardecer passou depressa,
a noite parecia parada no Tempo! A postos estavam todos
aqueles camaradas esperando o pior.

Finalmente chegou a coluna com os géneros alimentícios,
viaturas danificadas e, o pior de tudo, os camaradas feridos
que também faziam parte da carga.

Antes de recolher os géneros a prioridade máxima foi saber
onde estavam os feridos. Um por um foram trazidos para a
Parada. Tinha de ser assim pois que ali não havia hospital
nem tão pouco enfermaria decente. Ais agonizantes devido
às dores, sem nada que pudesse aliviar ou amenizar as
mesmas, os feridos foram postos ali ao ar livre e no chão.

Houve depois a contagem dos presentes e quando chegou
ao momento que tiveram de averiguar a viatura que o 426
conduzia antes do ataque.......onde estava ele? Alguém se
lembrou que o Aires quando foi atingido por uma rajada
que quase lhe ceifou a perna perdeu o controle do veículo,
o que foi notado por outro camarada que o substituiu ao
volante, depois de o colocar na mesma viatura e em lugar
seguro. Aqui o encontrou este que escrevinha estas linhas
e que ainda sente o horror da situação.

O Aires estava deitado entre mercadoria e um barril de vinho
com proteção. Quando olhei para ele pensei que estivesse
morto devido ao seu estado maltratado. Aos meus olhos era
tal qual o de um defunto devido ao sangue perdido durante
algumas horas e ao cheiro nauseabundo daquele sítio assim
me fez pensar. Que estava morto! Mas não! Quando por ele
chamei ele ficou como contente em ver-me ali e.. chorámos juntos.
Dia azarento, tão mau que o capitão Figueira resolveu a partir
daquela altura, isto é, a partir de Maio deixar-se de fazer
aquela viajem para trazer os géneros para Fulacunda.

Meu amigo, camarada, irmão,
Alguém me diz que tente aguentar-me neste meu posto,
incumbido desta tarefa que sinto está a ser-me cada vez
mais penosa à maneira que os anos vão passando e a
idade cada vez mais a pesar. Ficarei enquanto souber
quem sou e o que para mim representou toda a
Companhia de Caçadores Especiais 274.
Descansa em Paz até um qualquer dia."


Faleceu o veterano Aires Manuela Costa Amaral, Soldado Condutor Auto, da CCac274/BII18 - 11Nov2020 Ccac2713

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